186 ANOS DE ACTIVIDADE CONTÍNUA – Um passado com futuro!
A Banda Marcial de Gueifães nasceu e cresceu no seio do povo e em tempo tão recuado que já não resta memória … o primordial “bando de músicos”, trajando camisa de estopa, calça e jaleca de burel; meias de linho e socos, carapuça e lenço tabaqueiro atado ao pescoço, usaria instrumentos rústicos, ou demasiado obsoletos como sempre acontecia … chefiados pelo Padre Andrade, deu início em Gondim a primordial filarmónica que depois se transformaria na atual Banda Marcial de Gueifães!!!
O popular “bando” dos fins do século XVII e oriundo de Gondim, filarmónica de quatro ou cinco elementos, cresceu e tornou-se cada vez maior! Nas filarmónicas, os músicos são coniventes na formação do agrupamento … os componentes actuam “por amor à causa” arrastados pelo entusiasmo da “marcha” e empolgantes trechos musicais. Entretanto a inicial filarmónica findaria em Gondim, para ressurgir em Nogueira onde novo ocaso a esperava … findada em Nogueira “ressuscitaria” em Gueifães!
Os componentes das filarmónicas juntam-se por vontade colectiva de músicos … as Bandas formam-se por iniciativa dum responsável … em Gueifães, decorria o ano de 1837, o mestre “Manuel da Leiteira” assumiria a responsabilidade da fundação – e fundação definitiva – duma Banda … adquiriu, em Nogueira, o espólio da extinta filarmónica, aliciou antigos e novos componentes e em 12 de Dezembro, em Milheirós da Maia a nova Banda foi apresentada em público.
O mestre Manuel José dos Santos Leite foi responsável pela sua Banda e maestro, durante 51 anos … direção herdada pelo filho Manuel José dos Santos Leite; pelo neto Alfredo dos Santos Leite; e pelo bisneto Américo dos Santos Leite numa sequência de pai, para filho, que ultrapassou um século! … no segundo século, e até à presente data, nove maestros foram assumindo essa responsabilidade… com destaque para Joaquim Torres; Antonio dos Santos Leite (bisneto do fundador), Armindo Ferreira, Joaquim Fernandes, António Nunes, Hermano Maia, Álvaro Augusto Araújo, Albino José Maia Teixeira e Artur Cardoso – o atual maestro.
O tempo que levou a percorrer toda essa caminhada ao longo dos anos fez do inicial agrupamento “Banda de Música” crescida, aprimorada, senhora de si … e sempre na primeira linha! Em 1856 foi mobilizada e acompanhou o Batalhão de Segurança da Maia, «por Vila do Conde e Foz do Douro» … o que lhe carreou o título de «Banda Marcial» – como pode ver-se em artigo de “Jonathan Swift”, publicado em 1886 na «Revista da Maia»:
«Em 1847 o célebre João José Pinto da Motta e Mello, administrador deste Concelho e Comandante do Batalhão de Segurança da Maia, obrigou a Banda a fazer parte deste “corpo”, acompanhando-o para Vila do Conde e Foz do Douro, desligando-se dele em 1855.»
Depois de incorporada no Batalhão de Segurança da Maia, passaria a usufruir de recursos mais pródigos – a tropa deve ter oferecido fardamento, instrumental, pré … e prestígio! A Banda foi assim, perante o Povo, demonstração de progresso … “um rescaldo” das Invasões Francesas que fazia sentir a chegada de novos modernos tempos. Hoje a Banda Marcial de Gueifães – Cidade da Maia – é uma prestigiada instituição que conta o invulgar feito de completar – depois que foi fundada em Gueifães – 183 anos de atividade sem interrupção! Presentemente compõem a Banda 66 músicos, desde veteranos a jovens de ambos os sexos, recrutados entre a mais promissora juventude musical da Maia … a Banda, na forma actual, mercê da valiosa colaboração da CÂMARA MUNICIPAL DA MAIA, dispõe de novo e moderno fardamento e ótimo instrumental e anualmente é chamada a enriquecer algumas das mais representativas romarias do Norte e Centro do País, onde contracena com as melhores congéneres… organiza concertos e festivais e participa em receções oficiais, de iniciativa da Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Paróquia e outros organismos. Tem sido por várias vezes convidada para atuar também em Espanha.
Em 20 de Abril de 1984 a Banda Marcial de Gueifães foi agraciada com a medalha de mérito, em ouro, pela CÂMARA MUNICIPAL DA MAIA por iniciativa e proposta do Prof. Dr. Vieira da Carvalho – que na proposta salientaria «a dedicação e a vivência de um grande ideal, em favor da cultura popular». Mais recentemente (28 de julho 2019), a convite do Maestro Francisco Ferreira, participou no 10º Festival de Bandas na Casa da Música.
A Banda tem enriquecido, ano após ano, o seu já notável curriculum… cumprindo com rigor e orgulho os válidos princípios a que se propuseram os Fundadores … acrescidos da grande responsabilidade que advém de um valioso passado e tradição! … por isso, hoje como sempre a Banda continua a «tirar pessoas de casa … atraí-las à praça!!! a animá-las… e a fazer a festa!!!